domingo, 27 de março de 2011

Não esqueça estes nomes

Ficha Limpa fica para 2012

 
Decisão anti-democrática

Ministros que votaram contra a aplicação do Ficha Limpa em 2010.


Luiz Fux
Gilmar Mendes
Dias Toffoli
Marco Aurélio
Celso de Mello
Cezar Pelluso

Votaram a favor da aplicação da Lei da Ficha Limpa em 2010: 

Ayres Britto
Joaquim Barbosa
Ricardo Lewandowski
Carmem Lúcia
Ellen Gracie

"Pra frente Brasil, do meu coração..."

Dia de chuva


Os ponteiros marcavam o fim de mais um dia de trabalho. Era junho, seus alunos estavam em clima de festa, mas a ideia de um mês inteiro de férias lhe causava vertigem. O que seria da sua vida? O que faria com tanto tempo ocioso? A tarde caia e a moça sob uma fina chuva reproduzia mecanicamente passos lentos em direção ao ponto de ônibus. Nunca havia desejado tanto perder o transporte que a levava diariamente para casa. Prendeu a respiração evitando pensar na coleção de ausências, na falta que sobrava e no ar pesado que haviam se instalado em sua casa, em sua vida. O dia havia acabado e ela já não sabia fazer planos, não tinha devaneios, não enxergava esperanças em um amanhã mais leve. Ficou um tempo sentada na calçada observando a lua cheia que lhe sorria e acalentava. Entrou, jogou a mochila em algum lugar próximo da porta, arrancou os tênis sujos de lama (a mesma lama que lhe soterrava o peito), recolheu e atirou na lixeira pedaços de fotografias espalhados pelo chão da casa, limpou as gavetas e os armários dos pertences de um estranho conhecido, entrou no banho, chorou, tomou um calmante, desligou o telefone, pois não queria ser incomodada nem mesmo por ela em seus devaneios mais sombrios. Adormeceu, pois sonhar era sua única opção de felicidade.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Sobre interrupções


"Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido." (Caio Fernando de Abreu)

Quando ainda havia amor e os fantasmas habitavam a casa o moço concordava com o Caio quando ele discursava sobre ser melhor “interromper o processo ao meio” para que o respeito e as lembranças boas pudessem sobreviver. O problema é que junto com as recordações e projetos que poderiam ter sido ele trazia no peito saudades e um apego que agora lhe corroíam por dentro. A sensação de que algo no outro ainda fazia parte da sua vida era intensa e insuportável e vê-la seguindo, vivendo, sonhando fazia com que ele se sentisse traído a cada vez que ouvia alguém citar o seu nome.
O moço aprendeu na raça que “o ódio tem melhor memória que o amor” e agora entende que ao menos para a sua vida teria sido melhor se o fim daquela história os tivesse transformado em estranhos que não se reconhecem em meio à multidão. Mas, ainda assim, amanhã ou na próxima vez em que se encontrarem ele vai enfiar as mãos nos bolsos para disfarçar a tremedeira do corpo e com um sorriso lhe desejará  um bom dia. Apertando os passos entrará na primeira porta que aparecer para não se precipitar num abraço que a incerteza da interrupção lhe oferece.