sábado, 31 de julho de 2010

Clichê


Onde estava você
quando o dia era sombrio?

Quando a tempestade me feria

e marcava a pele?

Os dias eram cinzentos

e tudo o que eu podia ver era o que

rompia a visão da janela...

Estive perdido, afogado em palavras que me sufocavam

Você chegou me tomou a mão

Teus versos doces me roubaram os pensamentos.

Teu sorriso me envolveu em fantasias irresistíveis

e eu, mergulhei!

Por um longo tempo estive confusa

Minhas noites eram vazias e meus versos se perdiam no silêncio

mas se você chega me toma o ar.

Espero anciosa a tua chegada

Ah, e é tão bom te ver chegar!

Você que torna os meus versos tão clichê

mas faz dos dias arco-íris.


(Para Pedro Hermes)





sexta-feira, 30 de julho de 2010

Jaz




Aqui jaz
aquele que autobiografou
Já não há versos.
Já não há sons.
Por hoje,
não mais amor...



"As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho"
(Mário Quintana)

sábado, 24 de julho de 2010

A primeira Rosa



Era a primeira vez que via aqueles olhos

Que sentia seu cheiro e sorria teu riso

Era a primeira vez que eu não adormeceria em paz

Que não apagaria o dia e esperaria a noite

Era a primeira vez que mandaria rosas

Que haveria de querer aquela Rosa

Era a primeira vez que lamentaria tua ausência

Que o fim de tarde estaria repleto daquele vazio

Era a primeira vez que ouviria me chamar

Que num sussurro você diria: “Vem me amar”

Era a primeira vez que eu não saberia o que falar

Que a um poema não caberia expressar

Era a primeira vez que eu saberia como voltar

Que a tua mão iria acalentar

A dor que comigo trago dessa vida

Que a cada dia se torna insólita

E num abraço se faz perdida


Por: Pedro Hermes


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Quero mais vestidos rasgados por ti


Hoje queria teus olhos me comendo
queria você aqui.
Queria tuas mãos invadindo minhas pernas
preciso do toque me tatuando a pele
aquele toque que é só teu...
Queria o calor da respiração
me acordando no meio da noite
e você me regando a flor!
Foste parte de mim,
sei teu cheiro, nome e
cada expressão do rosto
entre movimentos sincronizados
do nosso encontro de corpos
Sei cada gosto teu
Me tomou as mãos,
a boca,
os pensamentos, o corpo!
Te dei cada pedaço meu
meus seios e versos.
Foste minha manhã mais bonita
és agora sintoma e inspiração!
Hoje queria te ter aqui
quero beijos que me devoram
e o líquido que alívia
incêndio e furacão.
Teu corpo alivia meu espírito...
quero mais vestidos rasgados por ti
mas por hoje o que tenho é só saudade!

Sobre lembranças de invernos passados


O cheiro do inverno traz de volta um vazio deixado por um tempo que incomodou e demorou de passar. Talvez porque houvesse uma idéia fixa, doentia baseada num sentimento obsessivo que não te deixa enxergar o que o outro é de verdade. Aquela coisa que te torna cego, limita os teus sonhos e te faz perseguir um rumo que só existe num mundo perdido dentro da tua cabeça confusa.

Confesso que esse frio me traz de volta aqueles dias ruins que pra dizer a verdade nem foram tão ruins assim, mas estou deixando aquele jeito tolo de lado. Percebo agora que é preciso deixar de tremer ao ficar de frente com os velhos traumas do passado. É preciso seguir a trilha procurar abrigo para lutar contra as tempestades, juntar a lenha para o fogo que manda os ventos ruins embora e aguardar ansioso o nascer do sol assim como o próximo luar.

Entendi que cada vez que os pensamentos repousam sobre o passado devo rabiscar alguma coisa, desse modo ficam envergonhados de sua tolice e recolhem-se... Fosse ao início não haveria páginas suficientes para desenhar tantas palavras desperdiçados, tantas noites jogadas fora, tanto tempo perdido. Embora não faça diferença, penso cada vez menos nos dias passados suas horas cruéis já não me ferem a alma, até porque sou homem preguiçoso por natureza e a solidão já não me inspira versos tão belos.

Por hoje, paro por aqui. Tenho optado por recuperar as muitas horas de sono e paz que aquele inverno me roubou, pretendo não sonhar com os dias que não esqueci.



"Menos pela cicatriz deixada, uma ferida antiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva"

(Caio Fernando de Abreu)