sábado, 15 de agosto de 2009

Das coisas que andei pensando e fiquei com vontade de dizer...


Se poesia fosse música
cantaria os versos que te fiz.
Através das ondas do meu som
talvez tu pudesses perceber
que mesmo no instante de agora
o som de você sou eu.
Se os versos tivessem notas
a canção seria só tua
e voaria pra te encontrar.
Mesmo agora que estamos assim
brigados de nada
o meu som te encontraria!
Hoje, sendo o seu dia
e você estando por aí de um outro lado
onde não posso alcançar
me desfaço em versos no papel!
Procuro palavras e pontuação
só pra expulsar de mim esse
isso ou aquilo que não deixo de sentir!
Se eu soubesse juntar
os versos e as notas certas
só pra te fazer escutar,
só pra te fazer sentir
que és parte da minha composição...
Se poesia fosse música
hoje, sendo seu dia
meus versos simples seriam entregeus a ti!
Se poesia fosse canção
as palavras não se perderiam!
Mas, não sei fazer música e meus versos são vãos...
quem sabe um dia desses
minha saudade possa ser metade tua
e a gente vai ser um só!
Juntos somos a música!!!


(12 de agosto - seu presente de aniversário, menino!)
Filha de Gaia

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

"Não há de ser nada pois, sei que a madrugada acaba quando a Lua se põe..."


Hoje eu até pensei num texto informativo... tipo o de música e ditadura, na verdade pensei em muita coisa e pensar demais nem sempre é construtivo... em meio ao meu turbilhão de pensamentos saiu essa confusão psicosentimental abaixo... e aqui estou eu como outrora, perdida entre o excêntrico Sol e a teimosa Lua!!! Devaneios e só!!!


Quis cantar a Lua assim mesmo...
com esse meu jeito bobo de ser,
de repente lembrei-me do Sol.
Tentei juntá-los num só verso mas
quando juntos a Lua acaba sempre machucada.
Sendo de aspecto tão frágil sempre se queima!
Ah Sol, tornou-se tão hostil! Estúpido trapalhão!
Tentei pensar na madrugada,
mas ela "sempre acaba quando a lua se põe"
Então, lembrei-me da neblina
aquela no alto da pedra...
da rocha que forma um rosto.
Agora mesmo perto é distante.
Lembrei-me da leveza, da calmaria
nem sei se nossa ou minha e só!
De repente me deparo à inconstância,
a insensatez e a espera desenfreada.
Lembrei-me que veio a tempestade...
mas a calmaria há de voltar!
Foste a manhã mais bonita,
ecoando as notas da canção...
Outra vez me vem a Lua
sempre com a cabeça lá no distante e áspero Sol.
Tento (nova e inutilmente) juntá-los numa frase qualquer
e nada... paro e reparo que
não sei quando virá um novo eclipse!!
Talvez a pobre Lua esteja enganada... não seria a primeira vez!
Não será este tal Sol só mais uma estrela???
Outra vez penso na neblina, no rosto, na pedra, nas notas da canção...
percebo agora que não escrevi nada do que pretendia escrever!
"Assim sem razão de ser, mas já sendo!"

Filha de Gaia

domingo, 2 de agosto de 2009

E... " a poesia prevalece..." sempre!!!


“Não gosto dos meus poemas

Eles deixam a poesia escapar, fugir voando

Gosto de você

Onde a poesia mora e de quando em quando

Vem voando

Pra mim”



"Libertas quae sera tamen"



A poesia e a música sempre foram utilizadas essencialmente para verbalizar o amor. Através delas os românticos vêm eternizando suas histórias ao longo dos séculos. Não fosse por ele e principalmente pelos sentimentos variados que costuma provocar não existiria a música e tão pouco a poesia. Pois, se não fossem os amores carregados de sensações comuns a todos, mas tão peculiares quando pensadas individualmente as palavras e as notas não fariam sentido algum.
Apesar da essência primordialmente romântica, música e a poesia acabaram por expandir seus horizontes e se firmaram como importantes instrumentos de protesto e de luta pelo direito a paz e a liberdade. Muitos artistas contemporâneos ficaram marcados na história pelo idealismo e acabaram se transformando em revolucionários, no entanto, acredito que seu mérito é ainda maior, pois não pegaram em armas e nem usaram da violência. Provaram que também se pode lutar por liberdade e igualdade tendo simplesmente um caderno e caneta ou um violão. Entre os muitos poetas da liberdade não podemos deixar de citar Bob Marley, Chico Buarque e Raul Seixas.
E por falar em Chico e em Raul, falamos em Brasil e somos obrigados a relembrar os chamados “anos de chumbo” da ditadura militar (1964-1984).A arte foi utilizada como um dos principais meios de crítica e luta contra o sistema. A MPB formou grandes ícones na luta contra a repressão num período em que o campo político-social brasileiro se assemelhava a um barril de pólvora pronto pra explodir.
Muitos foram os poetas da liberdade: Alceu Valença, Geraldo Vandré, Fagner, entre outros. Mas vamos voltar ao Chico Buarque o “artesão da linguagem” e sua música “Apesar de você” e ao Raulzito o nosso inesquecível “maluco beleza” com suas canções carregadas de mensagens subliminares convocando o público a fazer parte da “sociedade alternativa”.



“Apesar De Você
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar...”


Chico Buarque foi um dos alvos preferidos da censura militar, sua obra foi caracterizada como subversiva em sentidos amplos, tanto por conta das canções de protesto quanto por ferirem o padrões morais da época. Exilado na Itália de 1969 a 1970, enviou “apesar de você” para avaliação da censura assim que voltou ao Brasil para sua surpresa a música foi aprovada sendo gravada de imediato e tornando-se um grande sucesso. Em meio a “explosão” da música um jornal comentou que ela fazia referência ao presidente Médice. Todos os discos foram apreendidos e destruídos sendo esquecida (por ironia!!!)apenas a matriz... Chico sofreu todo tipo possível de censura!!!



A obra de Raul Seixas é recheada de mensagens subliminares. Numa época em que a maioria das suas composições eram recusadas pelos censores da ditadura o “Maluco Beleza” fugia dela brincando com as metáforas e dizia tudo o que queria dizer usando palavras diferentes. Raul, mesmo sob os olhos e a perseguição da censura deu seu forte recado de viés anarquista e acabou passando despercebido em alguns momentos.






“Sociedade Alternativa

Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa...

Se eu quero e você quer
Tomar banho de chapéu
Ou esperar Papai Noel
Ou discutir Carlos Gardel
Então vá!
Faz o que tu queres
Pois é tudo
Da Lei! Da Lei!
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa...


"-Faz o que tu queres
Há de ser tudo da Lei"
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa
"-Todo homem, toda mulher
É uma estrêla"
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa
Viva! Viva!
Viva A Sociedade Alternativa
Han!...”

Raul Seixas contando sobre sua expulsão do Brasil em 1974 (entrevista com Luisa de Oliveira em 1986)

"Até hoje não sei realmente qual foi o motivo. Mas veio uma ordem de prisão do I exército e me detiveram no Aterro do Flamengo. Me levaram para um lugar que eu não sei onde era... tinha uns cinco sujeitos... Bom, eu estava... imagine a situação... eu estava nú, com uma carapuça preta que eles me colocaram. E veio de lá mil barbaridades: choque em lugares delicados... tudo para eu dizer os nomes das pessoas que faziam parte da Sociedade Alternativa, que, segundo eles, era um movimento revolucionário contra o governo. O que não era. Era uma coisa mais espiritual... eu preferia dizer que tinha um pacto com o demônio a dizer que tinha parte com a revolução. Então foi por isso,me escoltaram até o aeroporto..."

A música e a poesia apesar de terem se expandido por outras vertentes e funções não fugiu de sua essência continua sendo a maior e melhor forma de expressão dos sentimentos humanos. Enfim... “flores na cabeça, nossos pés descalços. Uma vida toda de paz e amor... paz e amor!!!”