segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tecendo histórias



Sobre o tempo não sei ao certo quem é o que sei é que basta um simples piscar de olhos e ele te devora. Desaparece tudo aquilo o que se acreditava, tudo aquilo que foi sonhado. Já não sou a mesma moça vez em quando inconsequente que não fazia planos e que acreditava nas máximas que afirmavam desejos de revolução e liberdade.
Lembro com saudades aquele tempo em que madrugadas em claro não eram perdidas ou tão pouco causavam dores na consciência, sinto falta dos almoços conturbados, da escalas de tarefas que facilitavam a convivência (ou não), das discordâncias bobas e da confiança cega que nos tornou irmãos. Lembro com saudades o tempo em que não tínhamos medo de falar o que sentíamos o tempo em que tudo era motivo para risos mesmo os cotidianos “conflitos internos” e os sempre presentes corações partidos. Mas o tempo passou, nós passamos e tudo agora é tão distante.
            Pensando sobre a história percebo que ela ainda não me trouxe frutos, na verdade nem sei se os trará. Também não pretendo ficar esperando ou ficar construindo teias a sua volta até porque tenho sonhado com mergulhos em outros mares, caminhadas em outras trilhas e travessias em outras pontes. São muitos os sonhos e eles ainda se confundem com a realidade. O problema é que o tempo é cada vez mais veloz devora sem compaixão e eu continuo uma menina sem rumo.
            Embora quase sempre me sinta perdida e muitas vezes vacile ao pensar na história como tempo perdido lembro as teias que construí ao longo da caminhada e percebo que nada foi em vão Não cabe a mim pensar como o historiador que não ama o passado mas analisa-o para melhor compreender o presente. Pois, eu amo tudo o que foi. Amo cada momento que vivi mesmo aqueles que me deixaram cicatrizes. Amo especialmente os dias doces, em que cada detalhe ficou guardado nas gavetas da memória.
            Talvez a história tenha me deixado como herança não um ciclo profissional, mas a nostalgia e as marcas de olhares, jeitos e amores. Outra verdade é que vez ou outra durmo ou acordo assim com certos sorrisos nos olhos e revivo um tempo que foi embora sem pressa alguma de passar.
            Nesse instante, no escuro do meu quarto, imersa em lembranças e saudades me dou conta de que meus melhores amigos cresceram. São pais, mães, profissionais e moram longe. Alguns mudaram sua relação com o mundo, comigo, com os outros. Outros escondem-se dentro de casulos impenetráveis ou se tornaram intocáveis portadores de distintivos. Há ainda aqueles que fizeram do amor ou trabalho sua única razão. Não que suas transformações tenham sido conscientes, mas é estranho como o tempo nos faz egoístas e parece estar sempre tentando nos ferir.
            Vez em quando penso nas teias criadas pela história para mim e sinto que cada segundo foi infinitamente válido, mesmo que tudo se resuma a uma metamorfose ambulante existem laços que mesmo frágeis não costumam se romper. Quando penso em vocês, em nós, no que fomos e nos tornamos costumo adormecer com um sorriso nos lábios, pois sei que não estarei só.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

As árvores são amigas da cidade

Por Valter de Oliveira
 A atitude ambiental precisa sair apenas do discurso oficial e tomar conta das práticas cotidianas das pessoas. As árvores são nossas principais parceiras na luta por uma vida mais saudável nas cidades e devem ser tratadas com respeito
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As cidades são criações humanas. As pessoas estabelecem relações afetivas com as cidades onde vivem independentemente de nascerem ali ou não. Essa relação afetiva é construída desde a mais tenra idade até os últimos momentos de vida de uma pessoa e se baseia na experiência do dia a dia que travamos nos seus espaços, tais como, nas ruas, casas, praças e também com os moradores. Nossas lembranças mais alegres ou tristes nas cidades guardam de alguma forma relações desses momentos vividos. Portanto, as memórias coletivas nas cidades têm por aportes físicos esses espaços.
As árvores de uma cidade estão entre os seres vivos mais importantes para seu equilíbrio integrado. Moradoras silenciosas, elas dão frutos, flores, sombras e alegrias para as ruas e praças. Afinal, que graça teria uma cidade sem elas? Certamente nenhuma. As árvores fazem parte das memórias de infância de muitos moradores urbanos. Quem já brincou com as árvores na cidade? Quem nunca colheu seus frutos e se deliciou com os amigos, mesmo ouvindo broncas dos adultos? Quantos já aproveitaram a sombra embaixo de uma árvore no meio de um sol causticante? Os retratos mais bonitos feitos nas praças são aqueles se vêem as árvores floridas como cenário.
Não seria exagero dizer que o índice de saúde de uma cidade se mede também pela quantidade de árvores nela existente. O poder público de um município deve ser o principal responsável por garantir a proteção das mesmas dentro dos seus limites. Regando-as quando pequenas para que cresçam fortes; podando-as no período correto para garantir seus frutos e que fiquem mais frondosas por muito mais tempo; combatendo as pragas de maneira correta para não permitir que as mesmas venham a falecer antes do tempo natural de vida. Os moradores, por sua vez, devem ser seus parceiros mais fiéis, alertando ao poder público quando alguma ameaça as atinjam ou também as integridades das pessoas que freqüentam os espaços próximos as elas. A relação mais justa com as árvores e, por extensão, com a natureza deve ser a de reciprocidade. Façamos por elas o que elam fazem muito por nós, ou seja, nos proporcionando um ar puro, sombra, fruto e beleza para a cidade.

Infelizmente, uma coisa muito triste vem acontecendo nos últimos anos em Jacobina. Temos presenciado assustadoramente a matança de árvores nas mais diversas ruas e praças desta bela cidade serrana. Antigas árvores vêm sendo cortadas sem que ao menos a população tenha conhecimento dos reais motivos destes atos. Árvores que além da importância para o equilíbrio ambiental da cidade possuem também valor para a memória afetiva dos seus moradores. Suas derrubadas tem sido uma atitude cruel de ataque aos patrimônios naturais e apagamento desta memória. Precisamos alertar aos nossos governantes que além de crime ambiental tal prática tem sido também um verdadeiro crime contra os sentimentos afetivos de parte da população com as árvores públicas. Uma cidade saudável é aquela que respeita seus recursos naturais e os sentimentos dos moradores. Até nas escolas do município as árvores tem sido violentadas. Como educar nossas crianças o respeito pela natureza quando nossos representantes não demonstram? 
Precisamos acordar para as necessidades prementes do século XXI. A vida na cidade deve ser pautada na convivência harmônica com a natureza ou então a saúde de sua população ficará em risco. Várias cidades no mundo já despertaram para esta questão básica. A atitude ambiental precisa sair apenas do discurso oficial e tomar conta das práticas cotidianas das pessoas. As árvores são nossas principais parceiras na luta por uma vida mais saudável nas cidades e devem ser tratadas com respeito. Como disse Henfil: “se não houver frutos, valeu a beleza das flores, se não houver flores valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas valeu a intenção da semente.” Por isso plantemos mais árvores e teremos uma cidade mais alegre.


*Valter G. S. de Oliveira é professor de História Moderna da UNEB, coordenador do projeto A memória fotográfica de Jacobina: investigação sobre os fotógrafos e suas obras na cidade pela UNEB e  mestre em História Social pela UFBA.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"12 mortos e 190 milhões de feridos"






LUTO

"Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!"
(Legião Urbana)


Título copiado do jornal Diário de Pernambuco
http://www.diariodepernambuco.com.br/2011/04/08/indice.asp