quinta-feira, 18 de março de 2010

Cheiro de flor


Deixa tudo assim

sereno...

Tudo vai passar

Tudo há de mudar

O poema,

a canção,

a flor...

Ando um tanto mudo

e se fecho os olhos

entro outra vez no meu mundo.

O mundo que deixei

pra não te ver partir

pra não ver você assim,

sem mim!

De olhos fechados

sinto o gosto da chuva

o cheiro do mato

a dor de cada queda.

Lembro de me fazer forte

mesmo quando frágil

A gente anda assim...

longe!

Olhando aqui de cima

tudo parece inútil mas

se a gente se junta tudo fica sereno...

de olhos fechados sinto tudo outra vez.

Tudo cheira a flor!

segunda-feira, 15 de março de 2010

Luz de Luíz



Moço tira essa tristeza do rosto
Dormir pra quê?
Chico já cantou que a dor não passa...
ela vem te assombrar em sonhos.
Abre os olhos, sei que
há dias que são cheios de medo
e a gente tenta fugir.
Horas vãs!
Sai debaixo desse cobertor
vem vê o dia que está lindo!
Exponha as cicatrizes
deixe o sol queimar as lágrimas
tatuadas em tua pele.
Sinta as batucadas da emoção
a cor, o tom, o som de você.
Acorda!
Estampa o teu melhor sorriso
e vem ,
vamos ver o sol que já começa a se pôr
mas, não adormeça!
A lua sempre chega quando o sol se põe!
Tu tens nome feito de luz...
então, brilha Luiz
Brilha onde estiver!

(Para um amigo dorminhoco que anda triste)

quinta-feira, 11 de março de 2010

Vestígio


Continuo rabiscando devaneios. Primeiro por um motivo simples: não sei desenhar e entendo que o sujeito precisa de um talento nato para tal.
Escrevo porque mesmo não possuindo o dom necessário aqueles que brincam com as palavras, tenho a ousadia poética própria daqueles que não sabem quase nada, mas sentem muito. Deste modo, arrisco!
Continuo a rabiscar, mesmo que não me entendam. Mesmo que tu não consigas entender.
Escrevo porque é no silêncio das madrugadas solitárias que te trago para mim...
Continuo desenhando palavras porque elas me fazem viajar por um tempo em que cada minuto era feito de poesia.
Escrevendo deixo pistas, caso me queiras traduzir...
E o tempo vai transformando meu eu em textos, frases, às vezes em canções que só eu posso ouvir.
Quando já não houver um nome que me torne único a ti na multidão, quando eu já não puder te reconhecer pela textura dos cabelos ou pelo cheiro que a brisa traz, grita-me um dos versos que te fiz...

Hei de reconhecer-te pelo som, pelo tom da voz.
Ressurgiremos!
Tenho usado as palavras de modo vão, mas não é por vício... O que escrevo é puro vestígio.
Para que possas me encontrar...
Para que não esqueças que mais do que o meu corpo eu te dei meus versos!

quarta-feira, 10 de março de 2010

Versinho de não querer ir embora




Chegou de mansinho
me segurou a mão
deitou do meu lado
e outra vez
me arrancou o coração!

quarta-feira, 3 de março de 2010

Eu inseto


Vivo oscililando entre o doce e o veneno do sentir. Me considero um ser em estado pleno de mutação e graça, embora, esteja certo das coisas que gosto, não gosto ou poderei gostar.
Não gosto de conceitos acabados, não me interessam as teorias que chegam prontas as minhas mãos. Verdades absolutas são como comida enlatada e filme de ação americano... costumam me deixar enjoado!
Não compro, tão pouco, tento vender idéias pré-fabricadas de vida. Gosto de gente confusa, que quebra a cabeça tentando se encaixar no mundo... gosto ainda mais daqueles que frequentemente não se encaixam!
Sou admirador convicto daqueles que desconfiam do que consideram verdades...
Daqueles que amam a lua e caminham pelas madrugadas.
Aprendi com as flores a respeitar as diferenças.
As árvores me fizeram entender a importância de cuidar bem das folhas, do verde, do amor...
Com as águas percebi que devo estar preparado sempre que for necessário partir... mas estou ciente de que quem vai, vez ou outra, precisa ou simplesmente deseja voltar.
Confesso que ainda me sinto perdido mesmo sabendo exatamente onde estou... e ao menos por hoje, não pretendo me encontrar.
Sou assim, um ser em metamorfose e peço licença a Kafka para ponderar que, ser inseto pode ser bem mais interessante que homem que vive em vão!
O que vivo é uma busca espiritual, trata-se de um processo vagaroso e vital de auto conhecimento.
Onde encontro esta realidade posso me sentir seguro. Busco o desenvolvimento em meio ao caus, sinto um carinho intenso e especial por aqueles que compartilham comigo idéias e sonhos fragmentados... Porque não sou inteiro, sou soma de fragmentos! Pedaços de mim e de outros...
Não me desperta atenção a beleza chamativa dos Girassóis e nem a elegância das Acácias... Gosto da simplicidade das flores do campo, prefiro as Rosas mesmo carregadas de espinhos e sinto uma atração surpreendente e inevitável pela Flor de Lótus que cresce apaixonadamente em meio ao pântano!


Filha de Gaia