quarta-feira, 30 de junho de 2010

Nas mesas de um bar


Embora não sem dor
eis que é chegado o fim do luto.
Leve as flores mortas para ti
não me servirão de adubo
nem alimentarão novos sonhos.
Guardei de você o melhor
e peço-lhe que
não pense em mim
como aquele que chorou.
Lembre de mim como quem sorria
como aquele que fez de você
canção, verso, imaginação.
Não pense que fui tolo
pense em mim como um que amou
e disso sabes bem!
Apostei mais do que tinha, mais do que podia
Fantasia!
Pensando ser fraco, tornei-me forte,
Cresci!
Pensando ser inteligente muitas vezes me fiz bobo...
querendo ser só teu me fiz só!
E assim fui...
assim vou...
Dobrei a página!
Não pense em mim como como aquele
que guarda a tristeza nos olhos
Não guardo, os olhos nos entrega fácil
escondo!
Não me verás triste (ainda que esteja!)
Pense em mim como aquele que amou
como aquele que te amou!
Talvez uma hora desses eu te esqueça
rasgue a página.
Mas você ainda vai lembrar...
em casa, nas ruas, nas músicas
nos livros que te dei,
no poema que te fiz
até mesas de bar!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Sobre o tempo


Não sei ao certo quem é o que sei é que basta um simples piscar de olhos e ele te devora. Desaparece tudo aquilo o que se acreditava, tudo aquilo que foi sonhado.
Não sei dizer exatamente quanto tempo esperei, talvez mais do que devia,
Talvez mais que a vida inteira...
sentia como se tivesse nascido para viver ali.
Mas quando tudo se vai e nem mesmo os fantasmas habitam a casa a gente percebe que o tempo não passa, nós é que passamos. Ele continua lá num TIC TAC frenético... forte, selvagem, fugaz!
Mortal simples que sou sei que ainda esperaria...
Já não vou me biografar, não espere encontrar em versos o que deveria ser dito olhando nos olhos.
Tudo passa, o tempo nos devora!
Serei então inverso, começarei pelo fim...
Do início serei avesso mas não posso prometer que não mais terás os versos que te faço ou que, vez ou outra não volte atrás e pare pra esperar um pouco mais.

sábado, 12 de junho de 2010

"A pátria em chuteiras"


Em meio à euforia provocada pela chegada de mais uma copa do mundo eis que uma criança de seis anos (ainda muito jovem pra entender o sentimento nacionalista que envolve a maioria dos 190 milhões de brasileiros) ouve uma palavra que até então lhe era desconhecida e me lança a pergunta: - O que é patriotismo? Eu achando graça respondi: - É uma coisa que a política inventou pra fazer com que o povo se apaixone por uma idéia e esqueça por um tempo o quanto é miserável.

Naquele momento as pessoas que ouviam minha conversa com o pequeno me olharam assustados como se observassem um herege prestes a ser julgado pela inquisição. O silêncio era constrangedor e eu me sentia um traidor que não honrava o juramento cantado pelo nosso hino nacional. “Verás que o filho teu não foge a luta. Nem temem, quem te adora, a própria morte” Piada, eu jamais morreria em nome de um país... pensei!

Enquanto eu refletia a respeito da explicação que havia dado ao menino ouvi alguém responder: - Não filho, patriotismo é amor que a gente sente pelo nosso país.

Naquele instante pude ouvir o Cartola a cantarolar “de cada amor tu herdarás só o cinismo, quando notar está à beira do abismo...” Me retirei pensando também em Nelson Rodrigues que nos deu o título de “a pátria das chuteiras” e desenhou em suas crônicas um futebol grandioso, arrebatador. Para ele o futebol era “a busca pela poesia” e o brasileiro tem “uma fome e uma sede de bola”

A copa do mundo paralisa boa parte do mundo e no Brasil em especial, milhões param qualquer atividade para acompanhar as batalhas da “seleção canarinho”. As diferenças de classe e raça são esquecidas e todos seguem uma mesma religião chamada futebol. É durante a copa do mundo que as pessoas percebem que são cidadãos do país, inventa-se uma identidade nacional em que o maior símbolo é o futebol. Durante a copa do mundo os problemas sócio-políticos são camuflados de verde e amarelo, de acordo com o historiador Eric Hobsbawn vencer a copa deve certamente beneficiar o regime político de um país como aconteceu no Brasil (1970) e na Argentina (1978) que ao serem campeões mundiais a ditadura militar dos respectivos países utilizaram o futebol como mecanismo para massagear a auto-estima da população subjugada pelo autoritarismo.

Ao vencer a copa realizada no México e se tornar a primeira seleção tricampeã mundial por 4x1 a imagem da seleção brasileira passou a ser explorada pela propaganda do governo de Médice, responsável por uma das fases de maior repressão na história política do Brasil. O governo do general Emílio Garrastazu Médice (1969 a 1974) perseguiu, torturou e eliminou centenas dos chamados “subversivos” momento também em que a oposição em protesto partiu pra luta armada praticando atos considerados terrorismo aumentando ainda mais os índices da violência provocada pela ditadura, mas, tudo era feito por amor a pátria o que ficava em evidência nos slogans de campanha “ninguém segura este país” “Brasil; ame-o ou deixe-o”.

A copa na África do Sul não se mostra diferente das outras nesse aspecto, é como se os problemas políticos e sociais adormecessem enquanto o país respira futebol. A mesma nação que viveu de 1949 a 1990 o “apartheid” e só em 1994 realizou sua primeira eleição livre comemorou no jogo de abertura realizado no estádio de Soweto (bairro historicamente destinado aos negros) a reconciliação entre brancos e negros, constituindo uma identidade nacional para o povo de “Madiba” nosso conhecido e admirado Nelson Mandela.

Fazendo uma analogia a Karl Marx o futebol se constitui como o “ópio do povo” uma vez que, rouba as atenções tornando a luta pela solução dos problemas secundária. No Brasil a corrida a presidência e ao senado já começou, mas nosso povo calçou as chuteiras e foi para a África do Sul rumo ao hexa, quando voltar talvez pense naquele que poderá ser o melhor presidente.

Alienados ao não, até mesmo os mais radicais se tomam um pouco técnicos e esperam o melhor desempenho dos atletas. Quanto a mim, já vesti minha camisa amarela e até pintei as unhas de verde, afinal também faço parte dos 190 milhões em ação (“pra frente Brasil” “brasileiro não desiste nunca”) muito embora, concorde com Hobsbawn que posso entender o apelo deste tipo de patriotismo, mas não tenho entusiasmo algum pelo nacionalismo.


http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=842
http://educacao.uol.com.br/historia/ult1704u96.jhtm
http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=16&id=152

segunda-feira, 7 de junho de 2010

O parto


Afogados no silêncio sufocante
que consumia a gente
adormeceu pensando
nas palavras não ditas,
nas coisas sentidas.
Pra esquecer a lâmina
que lhe feria o peito
resolveu que a solução
talvez
fosse partir.

Filosofia de botequim


Blogueando por ai me deparei com o "Crônicas atípicas" e com um texto do Dalai Lama adaptado pela autora (ri muito) vou pegar o gancho e fazer as minhas alteraçõezinhas também:

Algumas instruções pra vida:


1. Coma muito arroz integral. [Precisando mesmo dar uma emagrecida mas integral é ruim pra *******]
2. Dê às pessoas, mais do que esperam e faça-o com gosto. [Depende da pessoa.]
3. Decore seu poema favorito. [Leminski... amo!!!]
4. Não acredite em tudo o que escutar, não gaste tudo o que tem, nem durma tudo o que quiser. [A parte do não dormir é a mais difícil]
5. Quando disser “te amo”, diga-o de verdade… [A última vez, foi. Infelizmente...]
6. Quando disser “sinto muito”, olhe a pessoa nos olhos. [Fácil]
7. Creia no amor à primeira vista. [Nunca mais! Fato!]
8. Jamais ignore os sonhos dos outros. [sonhar é preciso nos mantém afastados do suicídio... que porra eu quis dizer mesmo???]
9. Ame profunda e apaixonadamente. Você pode sair ferido, mas essa é a única maneira de viver a vida completamente. [Concordo.]
10. Enfrente os desacordos, lute limpo e não ofenda. [Complicado, mas rola dar um jeitinho...]
11. Não julgue os demais pelos parentes. [É. Outra coisa complicada.]
12. Fale lentamente, mas pense com rapidez. [Meu cérebro pega no tranco, mas tudo bem.]
13. Quando alguém fizer uma pergunta que não queiras responder, sorria e pergunte: “Porque quer saber?” [Boa! Adoro provocar gente intrometida...]
14. Ligue para sua mãe. Se isto não for possível, ao menos pense nela. [Eu penso nela o suficiente.]
15. Diga “SAÚDE” quando alguém espirrar. [Geralmente digo "ALERGIA" haha]
16. Sorria quando estiver ao telefone. Quem liga vai sentir seu sorriso pelo seu tom de voz. [Caraca, sério agora... Nunca parei pra pensar nisso, mas é verdade. E eu sempre faço isso.]
17. Case com uma pessoa que goste de conversar. Quando a velhice chega, seu poder de falar e ouvir são mais importantes que qualquer outra coisa. [É né, na velhice a conversa é o que resta...]
18. Leia mais livros e assista menos TV. [Boa!!! ]
19. Confie em Deus, mas feche bem teu carro. [Deus faz a parte dele e você a sua!!!]
20. Quando você estiver em desacordo com alguém muito querido, procure resolver a pendência de uma vez, sem ressentimentos. [Certeza!!!]
21. Não remexa em situações passadas. [Remexo sim, se quiser. É bom pra lembrar a mim mesma quem sou e por que estou desse jeito hoje. E por que devo mudar... Lembrar também situações que não quero repetir coisas ruins tem melhor memória que as boas.]
22. Leia sempre nas entrelinhas. Interprete fatos e reações. [E esse é um dos meus MAIORES problemas...]
23. Seja gentil com o planeta… [Óbvio! Pra cada ação uma reação! (III Lei de Newton) Sobrevive o mais forte( Darwin)... a gente destroi e o planeta nos devora!]
24. Jamais interrompa o curso das águas. [Heim?!? Eu lá sou barragem???]
25. Ocupe-se de seus próprios assuntos. [É só o que eu faço.]
26. Não confie num homem ou mulher que não feche os olhos quando recebem um beijo. [Mas... PORRA... Como vou saber se EU SEMPRE fecho os olhos quando beijo alguém? Como vou enxergar se fulano tá ou não de olhos abertos ou fechados? Meu.. Dalai Lama não escreveu essa merda porra nenhuma! Ele é monge e ele não deve ter beijado ninguém nunca. Quem foi o mangolão retardado que escreveu isso?! E as pessoas ainda acreditam nessa porcaria.. Aff...]
27. Se ganhas muito dinheiro, ajude aos outros ainda em vida. É a maior satisfação que a fortuna pode trazer. [Quando eu começar a ganhar muito dinheiro, eu juro que penso no caso... Será que a galera cheia da grana ajuda pela satisfação ou pelos descontos no imposto de renda??? ]
28. Julgue o seu sucesso por aquilo o que você teve que renunciar para conseguir. [Vou lembrar disso daqui algum tempo.]

http://cronicasatipicas.wordpress.com/2008/01/23/mais-instrucoes-pra-vida/

quinta-feira, 3 de junho de 2010

De volta ao planeta


Tentei me concentrar na leitura de um daqueles textos do Gilbero Freyre... Impossível não pensar em você! Em como você odiava ser obrigado a ler sobre as mazelas da história nacional... Fico feliz que tenha encontrado o caminho certo mesmo que estejas longe de mim.
Como pode ver, ainda estou um tanto perdido, ainda tentando descobrir minha missão no planeta, mas acho que sou um daqueles tipos confusos que nasceu para peregrinar, para experimentar, para sentir. Na verdade até já te contei meus planos e sonhos de andar por aí... livre como um nômade.
Ainda posso ouvir você tentando me reprimir. Se fecho os olhos posso imaginar teu sorriso de reprovação a me dizer que enlouqueci. E surtei mesmo! Acho isso engraçado e ao mesmo tempo triste. Pergunto-me qual foi a parte da estrada em que ficamos tão diferentes? Balanço a cabeça como se pudesse espantar pra longe essa idéia... Melhor não pensar nisso, já não faz diferença me tornei uma criatura meio esquisita e isso é fato!
Sei que andei fora de órbita por um tempo, mas, por favor, peço que me perdoe... Prometo aterrissar em breve.
Querido, você esteve certo o tempo todo. Perdi o rumo, e perdi tempo!
Bem sei que tentou me avisar que no planeta pra onde me dirigi não havia espaço para moças como eu, não te ouvi. Estive enfeitiçada pelo cheiro que exalava de lá. Perdi o tom, a direção!
Não me arrependo de ter arriscado indo tão longe, a questão é que já não lembro quem eu era antes de partir. Como posso ter mudado tanto a ponto de não mais te reconhecer. Nunca nos havia faltado às palavras...
Do muito que deixei pelos caminhos tortuosos por onde andei pouco tem feito falta, mas esse pouco me devora os sentidos, consome a alma! Você não pode me deixar perdido. Não você, não se afaste mais!
Já não sei quem sou. Dói em mim, dói em ti. Sinto-me confusa faz um tempo e ainda assim sei que ainda posso ser a mesma. Sei quem você é... isso ainda é importante, não é? Ainda nos permite ser parte um do outro...
Andei um tanto longe, esqueci muito do necessário e ainda trago no peito muito do que não devia mas tua lembrança assim como as memórias do tempo em que eu era criança sempre estiveram aqui.
Não me esqueça amigo querido. Estou voltando ao planeta e preciso de abrigo. Do teu abrigo, de você!
Avesso do meu eu, anjo inverso!