domingo, 2 de agosto de 2009

"Libertas quae sera tamen"



A poesia e a música sempre foram utilizadas essencialmente para verbalizar o amor. Através delas os românticos vêm eternizando suas histórias ao longo dos séculos. Não fosse por ele e principalmente pelos sentimentos variados que costuma provocar não existiria a música e tão pouco a poesia. Pois, se não fossem os amores carregados de sensações comuns a todos, mas tão peculiares quando pensadas individualmente as palavras e as notas não fariam sentido algum.
Apesar da essência primordialmente romântica, música e a poesia acabaram por expandir seus horizontes e se firmaram como importantes instrumentos de protesto e de luta pelo direito a paz e a liberdade. Muitos artistas contemporâneos ficaram marcados na história pelo idealismo e acabaram se transformando em revolucionários, no entanto, acredito que seu mérito é ainda maior, pois não pegaram em armas e nem usaram da violência. Provaram que também se pode lutar por liberdade e igualdade tendo simplesmente um caderno e caneta ou um violão. Entre os muitos poetas da liberdade não podemos deixar de citar Bob Marley, Chico Buarque e Raul Seixas.
E por falar em Chico e em Raul, falamos em Brasil e somos obrigados a relembrar os chamados “anos de chumbo” da ditadura militar (1964-1984).A arte foi utilizada como um dos principais meios de crítica e luta contra o sistema. A MPB formou grandes ícones na luta contra a repressão num período em que o campo político-social brasileiro se assemelhava a um barril de pólvora pronto pra explodir.
Muitos foram os poetas da liberdade: Alceu Valença, Geraldo Vandré, Fagner, entre outros. Mas vamos voltar ao Chico Buarque o “artesão da linguagem” e sua música “Apesar de você” e ao Raulzito o nosso inesquecível “maluco beleza” com suas canções carregadas de mensagens subliminares convocando o público a fazer parte da “sociedade alternativa”.



“Apesar De Você
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridão
Você que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventar
O perdão
Apesar de você
Amanhã há de ser
Outro dia
Eu pergunto a você
Onde vai se esconder
Da enorme euforia
Como vai proibir
Quando o galo insistir
Em cantar
Água nova brotando
E a gente se amando
Sem parar...”


Chico Buarque foi um dos alvos preferidos da censura militar, sua obra foi caracterizada como subversiva em sentidos amplos, tanto por conta das canções de protesto quanto por ferirem o padrões morais da época. Exilado na Itália de 1969 a 1970, enviou “apesar de você” para avaliação da censura assim que voltou ao Brasil para sua surpresa a música foi aprovada sendo gravada de imediato e tornando-se um grande sucesso. Em meio a “explosão” da música um jornal comentou que ela fazia referência ao presidente Médice. Todos os discos foram apreendidos e destruídos sendo esquecida (por ironia!!!)apenas a matriz... Chico sofreu todo tipo possível de censura!!!

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