quarta-feira, 5 de maio de 2010

O bloco parou


Em meio aquele mar de gente ela o viu chegar (a moça diz que jamais esquecerá aquele feriado). Conta que ao vê-lo não viu mais ninguém, mas ainda assim, não fez nenhum esforço para se aproximar e continuou... Tentou se concentrar nas suas conversas, seus amigos, seu trabalho. Afinal, ele apesar de ter lhe tirado de órbita era só mais um estranho como centenas de outros que passavam por ali em busca de alguma diversão... Era maio, mas era carnaval.
Eis que o destino dá o seu empurrãozinho e o moço se aproxima como quem não quer nada. Rosto sério, voz mansa, sorriso de menino... de início um papo meramente comercial.... ela não sabe dizer como o assunto se transformou em beijos mas relata que naquele instante soube que essa história lhe daria trabalho. Justo a moça que se graduava em fios e tramas tecidos pela “História” se deixou levar!
A jovem ainda brinca de o ter comprado com uma cerveja, ele nem sempre ri de piada tão imbecil! A verdade é que, mesmo quando tudo que o moço queria era comprar a tal cerveja, ela que nem sempre havia sido tão boba já estava enfeitiçada.
Indagada sobre aquela primeira conversa, a moça conta que não lembra nada do que foi dito antes de ter sido beijada de súbito, mas não esquece de ter achado graça do amigo que envergonhado saiu “a francesa”. Jura que naquele instante até o bloco que passava parou porque eles não viram mais nada...
O que ela não sabia é que o moço que lhe roubou o coração é inconstante como os ventos. Chegou suave como a brisa, tornou-se tempestade e vez ou outra, surge lhe assanhando os cabelos, trazendo um cheiro tão bom e único quanto o da terra quando acariciada pela chuva...
Ela que nem gostava de carnaval!




"Olha: foi bom demais te conhecer. Me deu uma fé, uma energia. Sei lá..."
(Caio Fernando de Abreu)

8 comentários:

  1. Não gosto de inconstancias... me tiram o sono...

    Bj

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  2. Grazi..todos poemas que você cria...sao otimos, sao demais...as vezes parece que os criam baseados em fatos reais rsrsrs serio mesmo....de tao intensos e profundos que sao
    demais mesmo.

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  3. "inconstante como os ventos"

    tão intenso que parece real!

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  4. E se não fossem os fatos reias o que seria da poesia, heim Grazi? rsrs
    Tá tão claro esse poema pra mim, que até perdeu a graça kkkkkkk ;-)

    Beijos, ransa!

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  5. Pois eh Vi, o que seria da poesia, das canções, do cinema??? Não haveria nem mesmo o estudo da História... Não perderiámos tantas noites de sono!

    Rs...

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  6. "(...) que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era."

    Caio Fernando de Abreu

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  7. Se faz belo justamente por parecer real!

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