quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A cura

 
Acordou diferente. Não conseguia identificar o que a incomodava, mas sentia que lhe faltava alguma coisa. Olhou em volta para se certificar que tudo estava no devido lugar e estava.
Ainda era a mesma, o quarto era o mesmo. Era só ela e os seus fantasmas. Ah, os fantasmas! Andava tão ocupada que os havia deixado de lado e já lhe acompanhavam havia tanto tempo que se acostumou... Limitavam, atormentavam, calavam.
Por hora fazia planos, tecia projetos muitos jamais sairão da imaginação, mas isso não importa. Seus novos sonhos eram abstratos e não comportavam devaneios passados.
Estava só! Os fantasmas deixaram a casa... Sorriu, fechou os olhos, abraçou o travesseiro e outra vez adormeceu sentindo o gosto de uma solidão agora doce.
Já não havia espaço para excesso de amor.

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