sábado, 11 de setembro de 2010

Pela passagem dos 62 anos do Caio Fernando de Abreu


"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras - e por tudo isso, ando cada vez mais só."


Caio Fernando de Abreu (1948-1996) foi jornalista, dramaturgo e escritor e na data de 12 de setembro faria 62 anos se vivo estivesse.

“Apontado como um dos expoentes de sua geração, a obra de Caio Fernando Abreu, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, de medo, de morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um fotógrafo da fragmentação contemporânea".

Wikipédia - http://pt.wikipedia.org/wiki/Caio_Fernando_Abreu


O Caio na verdade se auto biografava.Seus textos são deliciosos e caústicos, descrevem os sentimentos humanos de um jeito belo, sutil e às vezes um tanto insano é o tipo de escritor que fala pela gente quando as palavras nos faltam.


"Sugestões para atravessar agosto

(...) Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se , e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína, se a barra pesar, vinhos, conhaques - tudo isso ajuda a atravessar agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são. Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das bandejas de asas de borboletas - coisas assim são eficientíssimas, pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão, escapismos, explícitos. Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter de mais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:. (Crônica: Pequenas Epifanias,O ESTADO DE SÃO PAULO/06/08/1995)


2 comentários:

  1. Menina, obrigada pela força

    Adoro tanto o Caio... tb foi fazer um post homenageando-o!

    bjos querida

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  2. caio é meu favorito e tem meu coração.

    =)

    e ah, o Bruno adorou a torcida pra que ele aceitasse o convite!

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