quinta-feira, 3 de junho de 2010

De volta ao planeta


Tentei me concentrar na leitura de um daqueles textos do Gilbero Freyre... Impossível não pensar em você! Em como você odiava ser obrigado a ler sobre as mazelas da história nacional... Fico feliz que tenha encontrado o caminho certo mesmo que estejas longe de mim.
Como pode ver, ainda estou um tanto perdido, ainda tentando descobrir minha missão no planeta, mas acho que sou um daqueles tipos confusos que nasceu para peregrinar, para experimentar, para sentir. Na verdade até já te contei meus planos e sonhos de andar por aí... livre como um nômade.
Ainda posso ouvir você tentando me reprimir. Se fecho os olhos posso imaginar teu sorriso de reprovação a me dizer que enlouqueci. E surtei mesmo! Acho isso engraçado e ao mesmo tempo triste. Pergunto-me qual foi a parte da estrada em que ficamos tão diferentes? Balanço a cabeça como se pudesse espantar pra longe essa idéia... Melhor não pensar nisso, já não faz diferença me tornei uma criatura meio esquisita e isso é fato!
Sei que andei fora de órbita por um tempo, mas, por favor, peço que me perdoe... Prometo aterrissar em breve.
Querido, você esteve certo o tempo todo. Perdi o rumo, e perdi tempo!
Bem sei que tentou me avisar que no planeta pra onde me dirigi não havia espaço para moças como eu, não te ouvi. Estive enfeitiçada pelo cheiro que exalava de lá. Perdi o tom, a direção!
Não me arrependo de ter arriscado indo tão longe, a questão é que já não lembro quem eu era antes de partir. Como posso ter mudado tanto a ponto de não mais te reconhecer. Nunca nos havia faltado às palavras...
Do muito que deixei pelos caminhos tortuosos por onde andei pouco tem feito falta, mas esse pouco me devora os sentidos, consome a alma! Você não pode me deixar perdido. Não você, não se afaste mais!
Já não sei quem sou. Dói em mim, dói em ti. Sinto-me confusa faz um tempo e ainda assim sei que ainda posso ser a mesma. Sei quem você é... isso ainda é importante, não é? Ainda nos permite ser parte um do outro...
Andei um tanto longe, esqueci muito do necessário e ainda trago no peito muito do que não devia mas tua lembrança assim como as memórias do tempo em que eu era criança sempre estiveram aqui.
Não me esqueça amigo querido. Estou voltando ao planeta e preciso de abrigo. Do teu abrigo, de você!
Avesso do meu eu, anjo inverso!

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